RESENHA: Luxúria - Raven Leilani
Melhor palavra para começar a falar desse livro: Incômodo!
Vamos conhecer e acompanhar a trajetória de Eddie, uma jovem nos seus 20 e poucos anos que tenta lidar com suas próprias questões e descobrir seu lugar no mundo em meio a relacionamentos mal-sucedidos, família desestruturada e um emprego relativamente aquém das suas capacidades e sem desafios.
Nos relatos mais íntimos de Eddie vamos observar a solidão da mulher negra e ausência de afeto, motivos que a fazem sentir a necessidade de provar algo para ser aceita como alguém pelo outro. Também a faz buscar no sexo a sensação de afeto que não consegue nas outras relações: família, amigos, trabalho e inclusive relacionamentos.
Nesse contexto ela vai se relacionar com um homem mais velho, branco e que vive um casamento aberto. Um relacionamento que beira o bom senso e o absurdo e que foge totalmente dos estereótipos, mas que de maneira muito honesta vai relatar as frustações e erros e a capacidade de ressurgir em busca de autoaceitação.
Ao passo que Eddie vai se adentrando nessa família complexa acaba se valorizando mais como artista e encontrando na arte um meio de se conectar consigo mesma, além de exercer forte influência para a filha do casal.
Iniciei o livro falando de incômodo, porque muitas vezes senti um desconforto, uma necessidade de resgatar Eddie das situações em que se metia, mas no final entendi que era importante para ela descobrir de fato seu lugar no mundo e resgatar seu amor-próprio.
Este livro foi publicado incialmente em 2020 e rendeu alguns prêmios e excelentes do The New York Times, The Guardian, Los Angeles Times a jovem autora, uma vez que conecta questões de raça, classe e gênero e traz para a contemporaneidade.
![]() |
Raven Leilani - Foto de divulgação |
0 comentários