Não sei se começo falando da brilhante mente de Beauvoir ou se falo da obra sensacional vencedora de um dos maiores prêmios literários da França, o Prêmio Goncourt: Os Mandarins.

Simone é considerada uma das maiores ensaístas, escritoras e filósofas francesas. Defendia o existencialismo e foi uma inspiração para os movimentos feministas já que falava bastante da sua experiencia como mulher no mundo.

Os mandarins, romance publicado em 1954, é ambientado logo após o fim da Segunda Guerra Mundial e segue um grupo de filósofos parisienses e suas questões pessoais durante a Segunda Guerra Mundial e a Guerra Fria como também os impactos e reflexos deste período para a vida intelectual francesa.

Os Mandarins reflete um forte engajamento político de Simone, ela questiona sobre os campos de concentração, o papel da direita e esquerda na guerra, a resistência francesa, a questão precária da sociedade pós guerra e o capitalismo x comunismo.

Um ponto interessante desse contexto político é o papel e a influência da imprensa na política, e a importância de criticarmos e entendermos os cenários para opinar e focarmos no bem comum e saber questionar a manipulação da informação por parte dos meios de comunicação.

Em paralelo a essas importantes passagens sobre as questões históricas vamos acompanhar a vida de Anna, Henri, Robert, Paule e Nadine, personagens que retratam Simone, Sartre e seus amigos, com diálogos muito bem construídos cheios de dúvidas existenciais sobre a retomada da vida e a reconstrução do país pós-guerra refletindo o ponto de vista do meio intelectual francês em relação a aquele período.

São 736 páginas então é uma leitura mais densa já que mescla conteúdos históricos e dilemas existenciais dos filósofos, porém é um livro que te prende e você não vai conseguir deixar. Os diálogos entre os personagens, como mencionais são muito interessantes, se mostram mais fluidos e dão um fôlego na leitura.

Por fim, em Os mandarins Simone gera muitas reflexões sobre o papel político individual, sobre a responsabilidade de sermos críticos e a importância de participarmos e contribuirmos para uma sociedade melhor.