A bailarina da morte - Lilia Moritz Schwarcz e Heloisa Murgel Starling
A bailarina da morte |
A bailarina da morte é um livro intenso que retrata quase como uma reportagem jornalística a passagem letal da gripe espanhola no Brasil e seus impactos em grandes cidades brasileiras entre 1918 e 1920.
Para que gosta de história este livro é um prato cheio, pois além de ser fruto de muita pesquisa em jornais e documentos da época faz toda a contextualização histórica, social, econômica e política do Brasil neste período afetado pela gripe espanhola, também chamada de bailarina por que conforme explicam as autoras: “ o vírus deslizava com facilidade para o interior das células do hospedeiro e se alterava ao longo do tempo e nos vários em que incidia”.
O vírus chegou no Brasil pelos portos e, primeiramente pelo navio Demerara fazendo paradas e espalhando a espanhola por Recife, Salvador e Rio de Janeiro. A partir daí as autoras explicam o papel fundamental da imprensa para informar a população em contraponto ao negacionismo da doença enquanto ela ía se espalhando pelo litoral e interior do Brasil.
Ao longo do livro eu pude perceber a semelhança entre fatos de 100 anos atrás com o que estamos vivendo durante a pandemia da COVID, e foi o que mais me surpreendeu: o aumento considerável no preço dos alimentos, divulgação de medicamentos usados para combater a malária e sem eficácia na doença, falta de ineficiência de medidas de controle, isolamento social, suspensão de eventos e aglomerações, e muito mais.
Por fim, gostaria de encerrar com essa passagem do livro que para mim mostra o quão pouco aprendemos com a história, infelizmente.
“Tanto na pandemia de 1918 como na de agora, a da covid-19, ficaram escancaradas as nossas desigualdades, que atingiram e atingem de forma ainda mais brutal os povos indígenas, a população negra, a população pobre e de periferias. As mortes têm cor, classe, escolaridade e local de moradia, seja no Brasil nos tempos da espanhola, seja no país de 2020.”
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